Quando me
deito para dormir ainda não consigo acreditar em tudo que aconteceu, o mal que
conhecia não passava de brincadeira perto deste pesadelo. O verdadeiro mal, o
horror e a loucura daqueles que presenciam a sua verdadeira face.
O dia
amanhece, cinza e sombrio como se a noite reinasse, há muitos dias não vejo o
sol, as sombras tomam formas distorcidas e parecem vivas, já os vivos a essa
altura nem tanto. Ao inicio da tarde enquanto conversávamos na taverna um grito
estridente congela os nossos corações, a adrenalina desperta meu corpo como um
choque e corro naquela direção, os bons forasteiros me seguem e ao dobrar uma
esquina nos deparamos com a cena improvável, na pouca luz do dia uma figura
mascarada havia desferido um golpe com sua lamina em uma de nossas jovens e ao
perceber nossa presença foge entre as sombras buscando nos despistar, os
forasteiros buscam o agressor enquanto socorro a jovem, estabilizo sua feria e
a abrigo na casa de Piere, o lenhador, procuro pelos forasteiros pela cidade e
os encontro próximo a residência da nobre família Tarascon. Luc o garoto
perdido está com o grupo. Algeryth afirma que os rastros levam ao porão da
residência e decidimos entrar. A tranca impossibilita nossa entrada, e faço uso
de minha maça para destruir as dobradiças. Entramos e vasculhamos até encontrar
novos rastros, a escada nos leva até o interior da casa que parece abandonada,
mais não completamente, algumas marcas recentes nos mostram o caminho do
suspeito, chegamos os aposentos do segundo andar, tudo em silêncio, no primeiro
quarto a Anastasia encontra um compartimento secreto, e dentro dele: alcaçuz
vermelho (o mesmo encontrada nas cenas dos crimes) e um pergaminho com
profecias perturbadoras. Luc começa e entonar frases desconexas ao ver o
pergaminho, o que deixa o clima ainda mais sombrio, seguimos em direção ao
outro aposento, que parece vazio, até que de uma sombra salta o agressor, e
desfere um ataque causando um profundo ferimento. Antes de seu próximo ataque,
ele tira o capuz, é Jean, com os olhos tomados pela loucura resmungando sobre o
nosso envolvimento, entramos no quarto para conter o agressor e em poucos
instantes ele vai ao chão, enquanto contenho meus companheiros, Jean desfere um
ultimo ataque contra mim e desmaia exausto e ferido. Amarramos e encapuzamos Jean
novamente para evitar os olhos dos curiosos que nos aguarda do lado de fora. Acalmo
a população dizendo que o assassino a semanas procurado está capturado e que
nada mais devem temer. Ele é encarcerado fica aos cuidados do chefe da guarda Gremin, e enquanto aguardamos recobrar a consciência
para ser interrogado seguimos para a taverna onde nos recompomos e discutimos o
caso. Tudo parece bem ao inicio da noite com exceção do clima, e em meu peito
um sentimento de culpa não me deixam relaxar, os forasteiros discutem sobre
investigar ou não as profecias do pergaminho que para mim causa ainda mais
apreensão, peço para que as investigações não sejam feitas a noite, e com o
coração apertado resolvo contar uma lamentável fato ocorrido há semanas envolvendo
os irmãos Tarascon.
“Não mais de 3 semanas Jean bateu em minha
porta com seu irmão Marcel, ferido de morto, poucos recursos tinha para
salva-lo, e fiz o possível, usando de um pergaminhos para invocar um feitiço de
grande poder. Conhecia os riscos e ao fazer algo deu errado, a magia não
funcionou e não pude salva-lo. Jean pegou o corpo de Marcel e antes que pudesse
questionar o que havia ocorrido ele fugiu, desde então não havia visto, seu
irmão Luc, o garoto perdido foi encontrado no dia seguinte perdido em frases
desconexas, agora poderei entender o que aconteceu quando Jean recobrar a
consciência.”
Antes que
pudesse acabar de falar a tempestade que há muito se anunciava despenca do céu,
e o chefe da guarda invade a taverna com um semblante ensandecido e antes de
cair ao chão grita “os mortos voltaram a caminhar”. Um pesadelo se torna
realidade, ao olharmos para fora vemos figuras grotescas por todo o vilarejo,
as profecias do pergaminho se mostraram reais, e tudo que temos nos leva ao
antigo cemitério. Nos esgueiramos pelo vilarejo, a tempestade violenta nos
atrasa e com dificuldade chegamos ao muro externo do cemitério, conseguimos
entrar, ao longe vemos mortos saindo de suas tumbas e gritos ecoam de toda
vila, na parte mais antiga encontramos um símbolo descrito no pergaminho em uma
das criptas, dentro apenas marca de sangue seco e sinais recentes de luta. Resolvemos
investigar o mausoléu da família Tarascon, e o terror nos toma ao arrombar a
entrada. Marcel com o rosto apodrecido e deformado nos recebe, ele não está só,
quatro outros mortos vivos investem em nossa direção, busco minha fé em meio ao
pesadelo e a culpa que me atormenta me impede der expulsar este mal, o clérigo Astan
se impõe e força 3 das criaturas a recuar, nos engajamos em combate com contra Marcel
e o outro poderoso zumbi. Marcel faz uso de feitiços profanos e mata seu irmão
Luc, Algeryth o fere com um flecha, mas seu ataque só aumenta seu ódio, seu
terror se vira ao ranger e com um único feitiço o mata. Tenho uma visão do
espírito de Luc, o corpo do ranger começa a sofrer espasmos e o mago atira para
evitar uma transformação de seu amigo morto. Com dificuldade vencemos o zumbi e
neste instante um relâmpago destrói a cúpula de vidro do mausoléu. Marcel parece entrar em transe ao ver a lua
agora vermelha que começa a se esconder na escuridão, e nos aproveitando do
momento, desferimos o ultimo golpe e o corpo de Marcel cai, a tempestade
misticamente se desfaz, a adrenalina abaixa e nossos corações se acalmam, minha
mente ainda acelerada não consegue acreditar no acontecido. O restante da noite
foi passada tentando diferir essa nova realidade, mais 2 corpos de moradores
foram encontrados e para evitar uma maior histeria entre as pessoas tentamos
amenizar os fatos. O sol volta ao seu lugar no dia seguinte, Luc e os demais
são enterrados, mais acredito poder fazer algo pelo bravo ranger abatido pelo
mal, me preparo com orações e busco forças para invocar um poder maior, entre
minha coleção de pergaminhos tenho um feitiço capaz de dar a vida novamente ao
elfo. Meu receio desta vez não é maior que minha fé, nos dias seguintes a vila
volta ao normal, as pessoas parecem bem em sua bendita ignorância, mais quem
viu tamanho horror não esquece, e duvido que um dia as noites voltem a ser
agradáveis, este lugar onde passei bons momentos não mais me conforta, não me
sinto mais em casa. É hora de partir, pode haver outros lugares que precise de
minha ajuda, e onde minha maça não servir, minha fé renovada subjugará o mal
(assim espero).
Shaman Brucian, ex-pároco de Marais d'Tarascon.
ficou MTO bom japa
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