Oferecemos ajuda, mas os ciganos se mostraram bastante arredios. Foi quando surgiu Dulciméia, uma jovem vistani, dezoito invernos no máximo. "Por favor nos ajudem, meus irmão não podem erguer o vargo sozinhos, e são muito orgulhosos para pedir ajuda. Ajudem-nos e vos recompensarei, posso guia-los para fora desse lugar, se assim desejarem!"
Os vistani são conhecidos por sua habilidade em viajar pela névoa, portanto a oferta era irrecusável. Ajudamos, e em pouco tempo viajávamos juntos. Então baixou a névoa...
Mal conseguíamos enxergar uns aos outros, apenas os sinos e penduricalhos do vargo a nos guiar pela névoa espessa. Os vistani seguiam como se estivessem caminhando por um dia ensolarado. Começou a esquentar, muito! Percebi não estarmos mais em Souragne, o chão era arenoso, o calor insuportável.
Quando a névoa abaixou, estávamos no meio de um deserto. Dulciméia e sues irmãos estavam discutindo acaloradamente em uma língua estranha. Aparentemente estavam culpando-na de ser fraca na visão, de te-los levado a um lugar amaldiçoado. A menina estava em prantos, arrasada!
Iniciamos uma caminhada silenciosa em direção a uma pequena vila cerca de duas horas a frente. O calor fez com que os elfos e shaman Brucian desmaiassem, precisávamos chegar rápido à vila e precisávamos de água. Ironicamente já sentia falta dos pântanos de Souragne. No caminho, um mal presságio, um corpo semi-enterrado na areia, seco, como se toda água do corpo lhe tivesse sido drenada. Carregamos o corpo até o vilarejo. O vilarejo de Muhar, como mais tarde ficamos conhecendo, era um conjunto de casas de pedra pouco maior que Marais d'Tarascon, construídas ao redor de um oásis. A maior construção era um impressionante templo de mais de 7 metros de altura. Nas suas laterais, estátuas gigantescas de deuses. A sua porta, uma mulher, claramente uma sacerdotisa, nos aguardando.
O corpo que encontramos era de um dos locais, e logo sua mulher apareceu desesperada e tomou o falecido. A sacerdotisa, Isu Rehkotep, seguidora de um deus chamado Osiris, nos acolheu extremamente bem. Nos ofereceu hospedagem em seu templo, prometeu tratar os desfalecidos pelo calor e até percorreu o templo conosco, explicando suas crenças e histórias. O templo é ricamente detalhado e de uma riqueza impressionante. Jóias e ouro por todas as partes, e estranhamente mal guardados e desprotegidos (o que me leva a pensar que sua estrutura tecnológica não usa ouro como moeda, talvez um antigo sistema de trocas, ou talvez a religião seja tão forte que os lugarenhos não ousem roubar dos deuses). Tem um observatório de estrelas, sala de recepção e adoração, quartos e dois lugares que não nos foi permitido ver: o Salão de Anúbis, onde os mortos são preparados para seus funerais, e o local sagrado, um subterraneo (uma enorme escada de pedra leva ao local) onde apenas os sacerdotes podem ir. Ela também nos informou sobre a água do oásis, suas propriedades (suprime a necessidade de alimentação) e a proibição de se levar ou armazena-la. Em visita ao observatório, enquanto Isu explicava seus intricados métodos de observação astrológica, percebi um conhecido desenho nas costas da estátua do deus Rá, um conjunto de seis estrelas, a profecia de Hyscosa. Mais tarde voltei ao local e encontrei um compartimento secreto, contendo uma cópia do pergaminho, destacado o verso: O filho dos Sóis pela sétima vez há de se levantar,
Para à eternidade de sofrimento seu servo condenar. A palavras servo em particular me chamou a atenção, pois é a mesma usada nos tralaks, que significa Valete.
O povo de Muhar tem seus costumes adaptados ao forte sol de sua terra. Estão ativos no inicio da manhã e no fim da tarde e a noite. Evitam o forte calor das horas mais claras. No final da tarde, após um descanso no templo, eu e Crow Kane fomos à vila, ouvir e aprender sobre os daqui. O povo de tez morena nos recebeu de duas formas distintas, alguns foram receptivos, outros nem sequer nos olharam nos rostos. Um jovem, Abu Ratep, um órfão de 12 anos, passou a nos seguir e o utilizamos para saber mais do lugar. Assassinatos tem acontecido nas noites, principalmente de estrangeiros, pessoas que como nós, vieram de outras terras. Parece que o influxo de pessoas aumentou nos últimos dias (isso talvez tenha a ver com o fato de Dulciméia ter sido atraída pra cá, depois devo procurá-la e avaliar tal fato), e parece que sempre que onde pergaminho da Héxade está, assassinatos ocorrem. Segundo Ratep e alguns outros nativos prestativos (alguns nos ofereceram roupas e alimentos, pedindo que façamos algo com relação aos assassinatos), as mortes ocorrem durante a noite, onde pessoas são raptadas e desaparecem. Quando e se encontradas, elas se apresentam como o corpo que encontramos anteriormente, secos e semi-enterrados na areia. Nenhum padrão. Lendas e histórias se somam: alguns dizem ser a múmia de Anhktepot, antigo Pharaoh, que voltou dos mortos e agora castiga o povo de Muhar, outros dizem que o deus Osiris caminha no deserto levando todos para o reino dos mortos, pois pecaram ao aceitar os estrangeiros em sua terra (esta teoria em particular me preocupa, pois pode nos trazer problemas, sendo ela o motivo de alguns moradores sequer nos encarar).
Voltando ao templo no início da noite, perguntei a Isu a história de Anhktepot, que ela leu em uma das paredes do templo. Resumidamente, ele foi um pharaoh, um rei divino (segundo sua crença) que não aceitava a morte, e que por isso amaldiçoou os deuses. Rá, o deus sol, do qual o pharaoh é o filho na terra, apareceu e concedeu o desejo do rei, com uma maldição, de que sempre que o sol não brilhasse na terra, seu toque seria a morte. Sem saber disso o pharaoh tocou sua esposa e filhos, matando-os sem querer. O pharaoh depois descobriu que os que ele tocasse morriam e voltavam sobre seu comando. Com o coração estava tão endurecido que ele se aproveitou e começou a criar um exército de mortos. Os sacerdotes então o mataram durante o sono, e o enterraram no vale da morte, onde segundo a lenda ele ainda está e de tempos em tempos acorda para espalhar o terror, sempre a noite, longe do olho divino de Rá.
Após a inquietante história, decidi ver os vistani, que estavam acampados às margens da vila de Muhar. No caminho, percebemos um vulto nas dunas, sob a luz da lua, cerca de mil metros do vargo. O vulto parecia um homem envolto em trapos. Um sentimento de horror e repulsa me tomou!!! Ao meu lado, Crow Kane gritava aos vistani para que deixassem seu vargo e se escondessem na vila. Então o deserto ganhou vida!!! Mãos cadavéricas surgiam de todos os cantos, soba a areia, agarrando e puxando os irmãos ciganos. Não podia acreditar em meus olhos!!! Aterrorizados, corremos em direção ao templo, com a vã esperança de que aquelas criaturas não nos seguiriam!!!!
Escrito por Victor Von Doom.
Parece bacana... Parabéns, Fred!
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