quinta-feira, 6 de junho de 2013

O deserto de Har-Akir

Após um tempo de recuperação em Marais d'Tarascon, por fim partimos em direção à Port d'Ethour, na tentativa de deixar essa terra lamacenta e úmida. No meio da tarde, encontramos a beira da estrada um vargo. Atolado na lama, com a roda quebrada, assistimos a peleja de um grupo de cinco vistani tentar erguer o vagão para a troca da roda.
Oferecemos ajuda, mas os ciganos se mostraram bastante arredios. Foi quando surgiu Dulciméia, uma jovem vistani, dezoito invernos no máximo. "Por favor nos ajudem, meus irmão não podem erguer o vargo sozinhos, e são muito orgulhosos para pedir ajuda. Ajudem-nos e vos recompensarei, posso guia-los para fora desse lugar, se assim desejarem!"
Os vistani são conhecidos por sua habilidade em viajar pela névoa, portanto a oferta era irrecusável. Ajudamos, e em pouco tempo viajávamos juntos. Então baixou a névoa...
Mal conseguíamos enxergar uns aos outros, apenas os sinos e penduricalhos do vargo a nos guiar pela névoa espessa. Os vistani seguiam como se estivessem caminhando por um dia ensolarado. Começou a esquentar, muito! Percebi não estarmos mais em Souragne, o chão era arenoso, o calor insuportável.
Quando a névoa abaixou, estávamos no meio de um deserto. Dulciméia e sues irmãos estavam discutindo acaloradamente em uma língua estranha. Aparentemente estavam culpando-na de ser fraca na visão, de te-los levado a um lugar amaldiçoado. A menina estava em prantos, arrasada!

Iniciamos uma caminhada silenciosa em direção a uma pequena vila cerca de duas horas a frente. O calor fez com que os elfos e shaman Brucian desmaiassem, precisávamos chegar rápido à vila e precisávamos de água. Ironicamente já sentia falta dos pântanos de Souragne. No caminho, um mal presságio, um corpo semi-enterrado na areia, seco, como se toda água do corpo lhe tivesse sido drenada. Carregamos o corpo até o vilarejo. O vilarejo de Muhar, como mais tarde ficamos conhecendo, era um conjunto de casas de pedra pouco maior que Marais d'Tarascon, construídas ao redor de um oásis. A maior construção era um impressionante templo de mais de 7 metros de altura. Nas suas laterais, estátuas gigantescas de deuses. A sua porta, uma mulher, claramente uma sacerdotisa, nos aguardando.

O corpo que encontramos era de um dos locais, e logo sua mulher apareceu desesperada e tomou o falecido. A sacerdotisa, Isu Rehkotep, seguidora de um deus chamado Osiris, nos acolheu extremamente bem. Nos ofereceu hospedagem em seu templo, prometeu tratar os desfalecidos pelo calor e até percorreu o templo conosco, explicando suas crenças e histórias. O templo é ricamente detalhado e de uma riqueza impressionante. Jóias e ouro por todas as partes, e estranhamente mal guardados e desprotegidos (o que me leva a pensar que sua estrutura tecnológica não usa ouro como moeda, talvez um antigo sistema de trocas, ou talvez a religião seja tão forte que os lugarenhos não ousem roubar dos deuses). Tem um observatório de estrelas, sala de recepção e adoração, quartos e dois lugares que não nos foi permitido ver: o Salão de Anúbis, onde os mortos são preparados para seus funerais, e o local sagrado, um subterraneo (uma enorme escada de pedra leva ao local) onde apenas os sacerdotes podem ir. Ela também nos informou sobre a água do oásis, suas propriedades (suprime a necessidade de alimentação) e a proibição de se levar ou armazena-la. Em visita ao observatório, enquanto Isu explicava seus intricados métodos de observação astrológica, percebi um conhecido desenho nas costas da estátua do deus Rá, um conjunto de seis estrelas, a profecia de Hyscosa. Mais tarde voltei ao local e encontrei um compartimento secreto, contendo uma cópia do pergaminho, destacado o verso: O filho dos Sóis pela sétima vez há de se levantar,
Para à eternidade de sofrimento seu servo condenar. A palavras servo em particular me chamou a atenção, pois é a mesma usada nos tralaks, que significa Valete. 

O povo de Muhar tem seus costumes adaptados ao forte sol de sua terra. Estão ativos no inicio da manhã e no fim da tarde e a noite. Evitam o forte calor das horas mais claras. No final da tarde, após um descanso no templo, eu e Crow Kane fomos à vila, ouvir e aprender sobre os daqui. O povo de tez morena nos recebeu de duas formas distintas, alguns foram receptivos, outros nem sequer nos olharam nos rostos. Um jovem, Abu Ratep, um órfão de 12 anos, passou a nos seguir e o utilizamos para saber mais do lugar. Assassinatos tem acontecido nas noites, principalmente de estrangeiros, pessoas que como nós, vieram de outras terras. Parece que o influxo de  pessoas aumentou nos últimos dias (isso talvez tenha a ver com o fato de Dulciméia  ter sido atraída pra cá, depois devo procurá-la e avaliar tal fato), e parece que sempre que onde pergaminho da Héxade está, assassinatos ocorrem. Segundo Ratep e alguns outros nativos prestativos (alguns nos ofereceram roupas e alimentos, pedindo que façamos algo com relação aos assassinatos), as mortes ocorrem durante a noite, onde pessoas são raptadas e desaparecem. Quando e se encontradas, elas se apresentam como o corpo que encontramos anteriormente, secos e semi-enterrados na areia. Nenhum padrão. Lendas e histórias se somam: alguns dizem ser a múmia de Anhktepot, antigo Pharaoh, que voltou dos mortos e agora castiga o povo de Muhar, outros dizem que o deus Osiris caminha no deserto levando todos para o reino dos mortos, pois pecaram ao aceitar os estrangeiros em sua terra (esta teoria em particular me preocupa, pois pode nos trazer problemas, sendo ela o motivo de alguns moradores sequer nos encarar). 

Voltando ao templo no início da noite, perguntei a Isu a história de Anhktepot, que ela leu em uma das paredes do templo. Resumidamente, ele foi um pharaoh, um rei divino (segundo sua crença) que não aceitava a morte, e que por isso amaldiçoou os deuses. Rá, o deus sol, do qual o pharaoh é o filho na terra, apareceu e concedeu o desejo do rei, com uma maldição, de que sempre que o sol não brilhasse na terra, seu toque seria a morte. Sem saber disso o pharaoh tocou sua esposa e filhos, matando-os sem querer. O pharaoh depois descobriu que os que ele tocasse morriam e voltavam sobre seu comando. Com o coração estava tão endurecido que ele se aproveitou e começou a criar um exército de mortos. Os sacerdotes então o mataram durante o sono, e o enterraram no vale da morte, onde segundo a lenda ele ainda está e de tempos em tempos acorda para espalhar o terror, sempre a noite, longe do olho divino de Rá.
Após a inquietante história, decidi ver os vistani, que estavam acampados às margens da vila de Muhar. No caminho, percebemos um vulto nas dunas, sob a luz da lua, cerca de mil metros do vargo. O vulto parecia um homem envolto em trapos. Um sentimento de horror e repulsa me tomou!!! Ao meu lado, Crow Kane gritava aos vistani para que deixassem seu vargo e se escondessem na vila. Então o deserto ganhou vida!!! Mãos cadavéricas surgiam de todos os cantos, soba a areia, agarrando e puxando os irmãos ciganos. Não podia acreditar em meus olhos!!! Aterrorizados, corremos em direção ao templo, com a vã esperança de que aquelas criaturas não nos seguiriam!!!!

Escrito por Victor Von Doom.


terça-feira, 4 de junho de 2013

Mal verdadeiro!! (Por Japa)

Quando me deito para dormir ainda não consigo acreditar em tudo que aconteceu, o mal que conhecia não passava de brincadeira perto deste pesadelo. O verdadeiro mal, o horror e a loucura daqueles que presenciam a sua verdadeira face.
O dia amanhece, cinza e sombrio como se a noite reinasse, há muitos dias não vejo o sol, as sombras tomam formas distorcidas e parecem vivas, já os vivos a essa altura nem tanto. Ao inicio da tarde enquanto conversávamos na taverna um grito estridente congela os nossos corações, a adrenalina desperta meu corpo como um choque e corro naquela direção, os bons forasteiros me seguem e ao dobrar uma esquina nos deparamos com a cena improvável, na pouca luz do dia uma figura mascarada havia desferido um golpe com sua lamina em uma de nossas jovens e ao perceber nossa presença foge entre as sombras buscando nos despistar, os forasteiros buscam o agressor enquanto socorro a jovem, estabilizo sua feria e a abrigo na casa de Piere, o lenhador, procuro pelos forasteiros pela cidade e os encontro próximo a residência da nobre família Tarascon. Luc o garoto perdido está com o grupo. Algeryth afirma que os rastros levam ao porão da residência e decidimos entrar. A tranca impossibilita nossa entrada, e faço uso de minha maça para destruir as dobradiças. Entramos e vasculhamos até encontrar novos rastros, a escada nos leva até o interior da casa que parece abandonada, mais não completamente, algumas marcas recentes nos mostram o caminho do suspeito, chegamos os aposentos do segundo andar, tudo em silêncio, no primeiro quarto a Anastasia encontra um compartimento secreto, e dentro dele: alcaçuz vermelho (o mesmo encontrada nas cenas dos crimes) e um pergaminho com profecias perturbadoras. Luc começa e entonar frases desconexas ao ver o pergaminho, o que deixa o clima ainda mais sombrio, seguimos em direção ao outro aposento, que parece vazio, até que de uma sombra salta o agressor, e desfere um ataque causando um profundo ferimento. Antes de seu próximo ataque, ele tira o capuz, é Jean, com os olhos tomados pela loucura resmungando sobre o nosso envolvimento, entramos no quarto para conter o agressor e em poucos instantes ele vai ao chão, enquanto contenho meus companheiros, Jean desfere um ultimo ataque contra mim e desmaia exausto e ferido. Amarramos e encapuzamos Jean novamente para evitar os olhos dos curiosos que nos aguarda do lado de fora. Acalmo a população dizendo que o assassino a semanas procurado está capturado e que nada mais devem temer. Ele é encarcerado fica aos cuidados do chefe da guarda Gremin, e enquanto aguardamos recobrar a consciência para ser interrogado seguimos para a taverna onde nos recompomos e discutimos o caso. Tudo parece bem ao inicio da noite com exceção do clima, e em meu peito um sentimento de culpa não me deixam relaxar, os forasteiros discutem sobre investigar ou não as profecias do pergaminho que para mim causa ainda mais apreensão, peço para que as investigações não sejam feitas a noite, e com o coração apertado resolvo contar uma lamentável fato ocorrido há semanas envolvendo os irmãos Tarascon.
 “Não mais de 3 semanas Jean bateu em minha porta com seu irmão Marcel, ferido de morto, poucos recursos tinha para salva-lo, e fiz o possível, usando de um pergaminhos para invocar um feitiço de grande poder. Conhecia os riscos e ao fazer algo deu errado, a magia não funcionou e não pude salva-lo. Jean  pegou o corpo de Marcel e antes que pudesse questionar o que havia ocorrido ele fugiu, desde então não havia visto, seu irmão Luc, o garoto perdido foi encontrado no dia seguinte perdido em frases desconexas, agora poderei entender o que aconteceu quando Jean recobrar a consciência.”

Antes que pudesse acabar de falar a tempestade que há muito se anunciava despenca do céu, e o chefe da guarda invade a taverna com um semblante ensandecido e antes de cair ao chão grita “os mortos voltaram a caminhar”. Um pesadelo se torna realidade, ao olharmos para fora vemos figuras grotescas por todo o vilarejo, as profecias do pergaminho se mostraram reais, e tudo que temos nos leva ao antigo cemitério. Nos esgueiramos pelo vilarejo, a tempestade violenta nos atrasa e com dificuldade chegamos ao muro externo do cemitério, conseguimos entrar, ao longe vemos mortos saindo de suas tumbas e gritos ecoam de toda vila, na parte mais antiga encontramos um símbolo descrito no pergaminho em uma das criptas, dentro apenas marca de sangue seco e sinais recentes de luta. Resolvemos investigar o mausoléu da família Tarascon, e o terror nos toma ao arrombar a entrada. Marcel com o rosto apodrecido e deformado nos recebe, ele não está só, quatro outros mortos vivos investem em nossa direção, busco minha fé em meio ao pesadelo e a culpa que me atormenta me impede der expulsar este mal, o clérigo Astan se impõe e força 3 das criaturas a recuar, nos engajamos em combate com contra Marcel e o outro poderoso zumbi. Marcel faz uso de feitiços profanos e mata seu irmão Luc, Algeryth o fere com um flecha, mas seu ataque só aumenta seu ódio, seu terror se vira ao ranger e com um único feitiço o mata. Tenho uma visão do espírito de Luc, o corpo do ranger começa a sofrer espasmos e o mago atira para evitar uma transformação de seu amigo morto. Com dificuldade vencemos o zumbi e neste instante um relâmpago destrói a cúpula de vidro do mausoléu.  Marcel parece entrar em transe ao ver a lua agora vermelha que começa a se esconder na escuridão, e nos aproveitando do momento, desferimos o ultimo golpe e o corpo de Marcel cai, a tempestade misticamente se desfaz, a adrenalina abaixa e nossos corações se acalmam, minha mente ainda acelerada não consegue acreditar no acontecido. O restante da noite foi passada tentando diferir essa nova realidade, mais 2 corpos de moradores foram encontrados e para evitar uma maior histeria entre as pessoas tentamos amenizar os fatos. O sol volta ao seu lugar no dia seguinte, Luc e os demais são enterrados, mais acredito poder fazer algo pelo bravo ranger abatido pelo mal, me preparo com orações e busco forças para invocar um poder maior, entre minha coleção de pergaminhos tenho um feitiço capaz de dar a vida novamente ao elfo. Meu receio desta vez não é maior que minha fé, nos dias seguintes a vila volta ao normal, as pessoas parecem bem em sua bendita ignorância, mais quem viu tamanho horror não esquece, e duvido que um dia as noites voltem a ser agradáveis, este lugar onde passei bons momentos não mais me conforta, não me sinto mais em casa. É hora de partir, pode haver outros lugares que precise de minha ajuda, e onde minha maça não servir, minha fé renovada subjugará o mal (assim espero).   

Shaman Brucian, ex-pároco de Marais d'Tarascon.